Dor neuropática: é possível curar?
A dor neuropática é um tipo de dor crônica e o paciente pode senti-la de diferentes formas no corpo, a depender da região afetada.
Diversas foram as definições para a dor neuropática ao longo dos anos. Atualmente, contamos com uma definição aceita pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (International Association for the Study of Pain – IASP):
“Dor causada por uma lesão ou doença do sistema nervoso somatossensorial.”
O sistema somatossensorial é um sistema formado por neurônios sensoriais e vias neurais que respondem às mudanças na superfície ou dentro do corpo.
Ou seja, esta dor ocorre quando os nervos sensitivos do sistema nervoso central e/ou periférico são danificados.
Sinais e sintomas e sinais de dor neuropática
A dor neuropática pode ocorrer de forma espontânea ou devido a algum estímulo e pode ser contínua ou intermitente.
Além disso, costuma piorar no final do dia e pode agravar devido ao calor, frio ou estimulação externa. Por exemplo, em alguns casos, até mesmo o ato de vestir roupas ou se deitar pode desencadear a dor.
O paciente pode ter muitas sensações de dor diferentes, como pontadas, queimação ou dormência e, muitas vezes, é difícil descrever o que ele sente.
Ademais, normalmente, estas dores não aliviam com o uso de analgésicos convencionais.
Muitas dores decorrentes de condições classicamente “não neuropáticas” (por exemplo, osteoartrite ou dor oncológica) podem ter características das dores neuropáticas. Por isso, esta é uma condição que demanda um acompanhamento com médico especializado em dor.
Quais as principais causas desta dor?
A dor neuropática surge devido à pressão ou dano ao nervo que podem ocorrer devido a uma série de fatores, por exemplo:
- Cirurgia ou trauma;
- Infecções virais;
- Câncer;
- Malformações vasculares;
- Alcoolismo;
- Condições neurológicas, como esclerose múltipla;
- Condições metabólicas, como diabetes.
Além disso, essa dor também pode ser um efeito colateral de certos medicamentos, como aqueles utilizados na quimioterapia.
Ocasionalmente, nenhuma causa identificável é encontrada, o que pode ser angustiante para o indivíduo que está sentindo a dor.
Além da dor, o paciente pode ter outros sintomas associados?
Em grande parte dos casos, existem outros sintomas associados à dor neuropática, por exemplo:
- 65% dos pacientes possuem atividade diária reduzida;
- 60% dos pacientes têm o sono insatisfatório;
- 34% dos pacientes apresentam depressão;
- 25% dos pacientes têm ansiedade.

Dessa forma, essa é uma condição que pode demandar um tratamento com equipe multidisciplinar.
Quando procurar um médico?
O paciente deverá procurar ajuda médica se:
- Sentir dores fortes;
- Tiver uma limitação significativa das atividades diárias por conta da dor, como por exemplo, dificuldades de tomar banho, se locomover, dormir e ter interações e relacionamentos interpessoais.
Como fazemos o diagnóstico?
Geralmente, compreender a combinação de sintomas dolorosos característicos em uma área de sensibilidade alterada através de um exame físico é suficiente para fazer um diagnóstico de dor neuropática.
No entanto, podemos solicitar exames mais detalhados, como teste sensorial quantitativo ou a eletrofisiologia convencional.
A dor neuropática tem cura? Quais as opções de tratamento para esta condição?
A dor é uma condição muito complexa e cada pessoa é afetada de forma diferente. Possui muitos componentes físicos e psicológicos e os indivíduos podem apresentar muitos sintomas associados, como a fadiga, ansiedade, alterações de humor e depressão.
Dessa maneira, o tratamento da dor neuropática será individualizado e pode demandar uma equipe com diferentes profissionais.
Opções de tratamento não farmacológico
- Terapia cognitivo-comportamental para abordar comorbidades psicológicas comuns, por exemplo, ansiedade e depressão;
- Se o sono for perturbado, adotar estratégias para melhorar esta condição;
- Fisioterapia e/ou terapia ocupacional;
- Abordagens intervencionistas.

Manejo Farmacológico
O uso de medicamentos pode ser muito eficaz em alguns casos. No entanto, demanda um acompanhamento criterioso para evitar o uso de remédios que não sejam eficazes, bem como o uso de diversos fármacos ao mesmo tempo.
Além disso, é essencial ter atenção aos efeitos adversos e contra indicações para medicamentos específicos.
Como vimos, a dor neuropática pode ser extremamente incapacitante e seu tratamento é complexo.
Por isso, contar com um médico especializado é fundamental para adotar estratégias que possibilitem que o paciente recupere sua qualidade de vida.
Formação Dr. André Kirihara
- Graduado na Faculdade de Medicina de Jundiaí;
- Residência em Medicina Física e Reabilitação no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP);
- Especialista pela Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR);
- Preceptor na Especialidade de Medicina Física e Reabilitação no HCFMUSP nos anos de 2015 e 2016;
- Certificação em Tratamento por Ondas de Choque pela Sociedade Médica Brasileira de Tratamento por Ondas de Choque (SMBTOC) e pela International Society of Medical Shockwave Treatment (ISMST);
- Membro Efetivo da SMBTOC e ISMST desde 2015;
- Médico Assistente do Ambulatório de Pesquisa em Tratamento por Ondas de Choque do Instituto de Medicina de Reabilitação (IMREA) do Hospital das Clínicas da USP / Rede Lucy Montoro;
- Médico da Axis Clínica de Coluna.