Dor lombar: como amenizar?
A dor lombar (lombalgia) é particularmente comum, embora possa ser sentida em qualquer lugar ao longo da coluna, do pescoço até os quadris.
De acordo com o United Kingdom National Health Service (NHS.UK), a dor nas costas é corriqueira e, geralmente, melhora em algumas semanas ou meses.
Existem algumas medidas que o paciente pode adotar para ajudar a aliviá-la, mas às vezes a dor pode durar muito tempo ou continuar voltando.
Por isso, a avaliação com um especialista pode fazer a diferença.
Quais as principais causas da dor lombar?
Na maioria das vezes, o paciente tem o que chamamos de dor nas costas não específica, ou seja, uma dor para a qual não é possível identificar a causa.
No geral, ela pode ocorrer devido uma lesão, como uma entorse ou distensão, mas normalmente ocorre sem motivo aparente.
Muito raramente a dor nas costas é causada por algo sério. No entanto, pode ocorrer dela ser um sintoma de uma condição médica, como:
- Deslizamento de um disco vertebral - onde um disco de cartilagem na coluna vertebral pressiona um nervo próximo;
- Ciática - irritação do nervo que vai da pélvis aos pés.

Essas condições específicas tendem a causar sintomas adicionais, como por exemplo, dormência, fraqueza ou sensação de formigamento.
Quando estamos diante de uma dor que tem alguma causa específica, o tratamento será diferente daquele da dor inespecífica nas costas.
Como controlar a dor lombar em casa?
As dicas a seguir podem ajudar a reduzir a dor nas costas e acelerar sua recuperação:
- Mantenha-se o mais ativo possível e tente continuar suas atividades diárias - esta é uma das ações mais importantes, pois descansar por longos períodos pode piorar a dor;
- Tente fazer exercícios e alongamentos para dores nas costas - atividades, como caminhada, natação, ioga e pilates também podem ser úteis;
- Tome analgésico – verifique se o medicamento é seguro para você e, se tiver dúvidas, pergunte a um médico;
- Faça compressas quentes ou frias para alívio de curto prazo.
Embora possa ser difícil, ficar otimista e reconhecer que sua dor irá melhorar pode ajudar. Isso porque, pessoas que conseguem se manter positivas, apesar da dor, tendem a se recuperar mais rapidamente.
Geralmente, a dor nas costas melhora por si só em algumas semanas e o paciente pode não precisar consultar um médico ou outro profissional de saúde.
Todavia, é importante estar atento e procurar ajuda médica nas seguintes situações:
- A dor não melhora dentro de algumas semanas;
- A dor te impede de fazer suas atividades do dia a dia;
- É muito forte ou piora com o tempo;
- Você está preocupado com a dor ou lutando para lidar com ela.
Nesses casos, o ideal é procurar um médico para avaliar seus sintomas, examinar suas costas e discutir possíveis tratamentos.
Além disso, existem situações mais urgentes que demandam atendimento de emergência. Então, caso a dor seja acompanhada dos sintomas a seguir, procure um médico o quanto antes:
- Dormência ou formigamento em torno de seus genitais ou nádegas;
- Dificuldade em fazer xixi;
- Perda do controle da bexiga ou intestino - fazer xixi ou cocô;
- Dor no peito;
- Febre;
- Perda de peso não intencional;
- Inchaço ou deformidade nas costas;
- Dor não melhora depois de descansar ou piora à noite;
- Sintomas iniciaram após um acidente grave, por exemplo, um acidente de carro;
- A dor é tão forte que você está tendo problemas para dormir;
- Dor piora ao espirrar, tossir ou fazer cocô;
- A dor vem do alto das costas, entre os ombros, e não da parte inferior das costas.
Como é feito o diagnóstico?
Fazemos o diagnóstico através da avaliação médica com anamnese e exame físico.
Além disso, exames de imagem, como por exemplo, raios-x, tomografia computadorizada e ressonância magnética, podem ser necessários para ajudar a identificar a origem da dor lombar.
Dependendo de cada caso, podemos também solicitar a realização da cintilografia óssea, que ajuda a detectar certas doenças da coluna, como espondilose (osteoartrite espinhal), fraturas e infecções.
Quais as opções de tratamento disponíveis para a dor lombar?
Dependendo do tipo de dor nas costas, podemos recomendar uma série de tratamentos, como por exemplo, o uso de medicamentos:
Uso de Analgésicos de venda livre
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem ajudar a aliviar a dor nas costas. No entanto, é preciso tomar esses medicamentos apenas conforme indicado pelo médico. Isso porque, o uso excessivo pode causar efeitos colaterais graves.
Caso os analgésicos vendidos sem receita médica não aliviam a dor, podemos sugerir os medicamentos prescritos.
Relaxantes musculares
Se a dor nas costas de leve a moderada não melhorar com analgésicos, podemos também prescrever um relaxante muscular.
Mas é preciso atenção, pois estes medicamentos podem causar tontura e sonolência.
Analgésicos tópicos
Esses produtos fornecem substâncias analgésicas através da pele por meio de cremes, pomadas ou adesivos.
Narcóticos
Os medicamentos que contêm opióides podem ser usados por um curto período de tempo com supervisão cuidadosa do médico responsável pelo seu tratamento.
Os opióides não funcionam bem para dores crônicas, portanto, a receita geralmente fornecerá comprimidos por menos de uma semana.
Antidepressivos
Alguns tipos de antidepressivos podem ser úteis para aliviar a dor crônica nas costas, independentemente de seu efeito na depressão.
Além dos medicamentos, poderemos adotar diversas terapias para a reabilitação, por exemplo:
- Exercícios com objetivo de fortalecer os músculos e melhorar a postura;
- Tratamentos manuais, como manipulação da coluna e massagem;
- Apoio psicológico, como terapia cognitivo-comportamental (TCC), que pode ser uma parte útil do tratamento se o paciente estiver lutando para lidar com a dor.

Em casos mais específicos, podemos adotar tratamentos mais invasivos, por exemplo:
Injeções de medicamentos
Se outras medidas não aliviarem a dor ou se ela irradiar pela perna, podemos optar pela injeção de forte antiinflamatório – juntamente com um medicamento anestésico no espaço ao redor da medula espinhal (espaço epidural).
Assim, esse procedimento ajudará a diminuir a inflamação ao redor das raízes nervosas.
Apesar de ser bastante eficaz, o alívio da dor dura apenas um ou dois meses.
Neurotomia por radiofrequência
Neste procedimento, uma agulha fina é inserida através da pele de forma que sua ponta fique perto da área que causa a dor.
Então, ondas de rádio passam pela agulha até o local para danificar os nervos próximos, o que interfere na transmissão dos sinais de dor ao cérebro.
Estimuladores de nervos implantados
Poderemos implantar sob a pele dispositivos que enviam impulsos elétricos a certos nervos para bloquear os sinais de dor.
Cirurgia
Em alguns casos, o paciente poderá se beneficiar com a cirurgia que, geralmente, fica reservada para dores relacionadas a problemas estruturais, como estreitamento da coluna vertebral (estenose espinhal) ou hérnia de disco, que não responderam a outras terapias.
Como prevenir esta dor?
Apesar de ser difícil prevenir a dor nas costas, existem algumas dicas que podem ajudar:
- Faça exercícios e alongamentos regulares para as costas - um profissional da saúde pode aconselhá-lo sobre os exercícios mais apropriados;
- Mantenha-se ativo - fazer exercícios regularmente pode ajudar a manter as costas fortes. Recomenda-se que adultos façam, pelo menos, 150 minutos de exercícios por semana;
- Evite sentar-se por longos períodos;
- Tome cuidado ao levantar-se;
- Verifique sua postura quando estiver sentado, usando computadores ou tablets e assistindo televisão;
- Certifique-se de que o colchão em sua cama o sustenta adequadamente;
- Se for o caso, perder peso através da combinação de uma dieta saudável e exercícios regulares pode ajudar a prevenir a dor nas costas.
Apesar de comum, a dor lombar pode estar relacionada a algum problema mais sério.
Assim, o importante é estar atento aos sintomas e procurar um médico especialista caso seja necessário.
Quanto antes iniciar um tratamento adequado, melhor!
Formação Dr. André Kirihara
- Graduado na Faculdade de Medicina de Jundiaí;
- Residência em Medicina Física e Reabilitação no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP);
- Especialista pela Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR);
- Preceptor na Especialidade de Medicina Física e Reabilitação no HCFMUSP nos anos de 2015 e 2016;
- Certificação em Tratamento por Ondas de Choque pela Sociedade Médica Brasileira de Tratamento por Ondas de Choque (SMBTOC) e pela International Society of Medical Shockwave Treatment (ISMST);
- Membro Efetivo da SMBTOC e ISMST desde 2015;
- Médico Assistente do Ambulatório de Pesquisa em Tratamento por Ondas de Choque do Instituto de Medicina de Reabilitação (IMREA) do Hospital das Clínicas da USP / Rede Lucy Montoro;
- Médico da Axis Clínica de Coluna.